segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Choro


Choro, sem pudor, certeza ou sofreguidão

Choro porque um (H)omem não chora

Choro sem a certeza da negação

Choro, porque sei que não chegou ainda a minha hora!


Já me vi ao espelho a chorar

Tive medo daquela imagem depravada

As lágrimas sem caminho, as bochechas a corar

Choro por tudo e por nada.


Desconfio que também tens vontade de chorar

O sorriso é mais fácil, nunca esse te embaraçou

Não cedes, o medo há-de passar

Mas o receio não acaba, assim como o Mundo nunca acabou.


Choro por mim e por ti camarada

Choro por ela, mesmo quando não me deixou

Choro porque amo a encruzilhada

Chora comigo…A felicidade já voltou!

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Trilho


Tinha a ideia de ser firme
Diversas ocorrências o fariam prever
Contudo, a subida seria íngreme
Sem para meu lado, a força pender.

Com parco caminho palmilhado
Mas certo da direcção não perder
Sento-me, mais realizado que cansado
Sem vontade de retroceder.

Um trilho, sem pedras, não é trilho
Uma caminhada ainda que descalço
Jamais sem inclinação, terá brilho
Figura poética, acaso, ou persistente percalço.

O epílogo ainda que pareça distante
Calcorreado depressa, chegará
Relativizando por um breve instante
Mas a procura essa, contudo, nunca terminará.

sábado, 13 de março de 2010

Palácio de Cristal

Entro em ti, com vigorosa ansiedade
Essa sim, a de menino que anseia um doce
Passeio pelos teus caminhos completos de verdade
Como se a minha infância fosse.

Sentado depois de saciada a minha vontade
Aprecio de novo a tua beleza
Vejo o Douro, numa perfeita complementaridade
Sinto ter perdido a minha destreza.

Já não quero que me deixes de imbuir
Nestes caminhos por inúmeros palmilhados
Pois não quero deixar de sentir
O fulgor dos destinos aqui outrora traçados.